quarta-feira, 23 de novembro de 2022

 Cambedo da Raia – aldeia mártir


Cambedo da Raia, é uma aldeia raiana, da freguesia de Vilarelho da Raia, concelho de Chaves, com cerca de 50 habitantes.
Até ao Tratado de Lisboa de 1864, a linha de fronteira com a Galiza situava-se no meio da aldeia, tendo a mesma recuado em favor do lado português. Três km por um caminho de terra separam esta aldeia da aldeia espanhola de San Cibrao no outro lado da fonteira.
A linha de fronteira está localizada no alto de uma elevação a 700 metros da aldeia e os marcos de fronteira no cimo de um bloco de granito.

Click no link e veja o vídeo destes locais
https://youtu.be/5ABI0MXrdjc

Os acontecimentos de dezembro de 1946
Esta aldeia transmontana acolheu, entre os anos de 1936 e 1946, inúmeros espanhóis, guerrilheiros ou exilados, antifranquistas que para ali procuravam guarida, tendo até havido uma batalha contra as autoridades luso-espanholas. Os guerrilheiros – anarquistas, socialista e comunistas – procuravam refúgio nas aldeias do lado português, atacando os alvos franquistas do outro lado da fronteira.
Durante décadas, na época da ditadura, Cambedo da Raia, foi uma aldeia maldita. O seu povo, na época cerca de 300 pessoas, era visto por um povo de malfeitores, acolhedor de fora-da-lei, criminosos de delito comum cuja companhia havia que evitar. Essa foi a narrativa criada pelo Estado Novo para explicar os acontecimentos que tiveram lugar dias antes do Natal de 1946.
A Guerra Civil de Espanha já estava oficialmente terminada desde 1939, mas o regime franquista continuava em busca de guerrilheiros galegos antifascistas.
Em Cambedo da Raia e noutras aldeias da raia transmontana escondiam-se alguns deles. Em 20 de Dezembro de 1946, ao raiar do dia, a aldeia acordou cercada por dezenas de efetivos da GNR, Guarda Fiscal e agentes da PIDE – tudo apoiado pela Guardia Civil espanhola. Vieram depois reforços da PSP e até do Exército (tropas do Regimento de Caçadores 10, de Chaves).
Choveram morteiradas sobre a aldeia – ainda hoje uma casa permanece destruída, houve buscas casa a casa, confrontos diretos entre os guerrilheiros e as autoridades, um inferno que se prolongou durante dois dias. Dois dos guerrilheiros procurados acabaram mortos, Juan Salgado Rivera e Bernardino Garcia, que terá preferido suicidar-se a render-se, um terceiro foi preso, nos confrontos também terão morrido dois soldados da GNR., houve também alguns feridos, incluindo uma menina; e foram presos oito galegos e 55 portugueses, dezoito dos quais de Cambedo. Estiveram presas, durante mais de um ano, acusadas de colaborarem com a resistência antifranquista.
A história foi quase ocultada na altura. Hoje vão-se conhecendo pormenores. É mais um momento importante da solidariedade raiana entre o povo português e os resistentes espanhóis, tal como aconteceu noutros lugares fronteiriços, como, por exemplo, Barrancos.





Acesso à linha de fronteira desde a aldeia



Marco de fronteira nº 229, empoleirado num bloco de granito






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