Histórias dos povos da Raia
Campo Maior 1944, a operação secreta que abalou o Alentejo
Campo Maior 1944, a operação secreta que abalou o Alentejo
A polícia política de
Salazar montou uma operação em 1944 para eliminar uma das muitas bolsas de
refugiados espanhóis existentes na fronteira. A colaboração da Guardia Civil e
a participação ativa do exército português levaram à captura de mais de duas
dezenas de homens cujo destino ainda se desconhece.
A noite de 13 de novembro de 1944 foi muito fria. A estação meteorológica de Campo Maior registou uma mínima de 6,7ºC, que desceriam para os 4,5 graus na noite seguinte. O frio, porém, não foi o pior dos elementos que se abateram sobre um território do concelho entre a vila de Campo Maior e as aldeias de Ouguela e Degolados. Naquelas duas noites, uma invulgar atividade humana quebrou o silêncio dessas extensões planas e pregou valente susto aos poucos que, pela madrugada, atravessaram aquelas paragens para trabalhar no campo ou, quem sabe, trilhando rotas de contrabando.
Cerca de uma centena de militares, soldados da GNR e agentes da Polícia de Vigilância e Defesa do Estado concentraram-se nas noites de 13 e 14 de Novembro de 1944 em vários pontos, numa operação conjunta entre forças portuguesas e espanholas. Primeiro na Referta da Ouguela, a uma dezena de quilómetros de Campo Maior e na noite seguinte nas Minas da Tinoca, no trajeto para Portalegre, com desvio pela aldeia de Degolados A sua missão: cercar, deter e identificar refugiados espanhóis, considerados "perigosos salteadores e comunistas", que se sabia viverem na zona conhecida pela polícia política como "República de Andorra", um vasto triângulo de terra sem controlo efetivo das autoridades cujos vértices eram Campo Maior, Ouguela e Degolados.
O Regimento de Cavalaria 1 de Elvas participou com um esquadrão misto, composto por 35 a 40 homens deslocados em três viaturas, A força da GNR, dispunha de 50 homens, 12 deles de cavalaria. A coordenação da operação estava a cargo do inspetor da PVDE António Roquete (a quem foi atribuído o assassínio em 1942 do médico António Ferreira Soares, perto de Espinho), secundado por quatro agentes cujos apelidos eram: Barros, Mesquita, Casaca Velez e Lemos.
Para impedir que os refugiados tentassem escapar ao cerco fugindo para Espanha, a Guardia Civil montou um dispositivo com 78 militares no outro lado da fronteira.
Devido ao frio intenso dessa noite foi distribuída aguardente entre os soldados, ás seis e meia da manhã começaram as movimentações. São efetuadas centenas de detenções, muitos são assassinados e outros desapareceram sem nunca nada se saber deles.
Tudo foi feito no maior secretismo e hoje só sabemos o que aconteceu graças à disciplina a um detalhado relatório sobre a preparação e desenvolvimento da operação que se encontra depositado no Arquivo Nacional da Torre do Tombo, presumivelmente da autoria do inspetor António Roquete.
Quem eram os homens e mulheres que viviam refugiados nas zonas de fronteira? Havia de tudo, refugiados políticos, fugidos à justiça, contrabandistas, gente que procurava melhorar a sua vida, gente com problemas diversos que preferia passar a raia. Eram pessoas de classe média ou baixa, habitualmente, eram homens entre os 18 e os 40 anos, relativamente envolvidos na política, em particular comunistas, socialistas, mas também alguns anarquistas ou apenas republicanos.
Uma notícia publicada pelo então clandestino jornal Avante, órgão central do PCP, lança um pouco de luz sobre estas dúvidas e interrogações. Na sua edição relativa à primeira quinzena de Maio de 1945, o jornal denuncia "os assassinos de Campo Maior" e acusa os "fascistas salazaristas" de terem assaltado "40 cabanas onde se albergaram 300 refugiados". Segundo a notícia, que não diz a data em que isso aconteceu, foram dadas ordens aos soldados para se apoderarem de dinheiro e bens. As roupas que encontraram são de seguida queimadas.
A noite de 13 de novembro de 1944 foi muito fria. A estação meteorológica de Campo Maior registou uma mínima de 6,7ºC, que desceriam para os 4,5 graus na noite seguinte. O frio, porém, não foi o pior dos elementos que se abateram sobre um território do concelho entre a vila de Campo Maior e as aldeias de Ouguela e Degolados. Naquelas duas noites, uma invulgar atividade humana quebrou o silêncio dessas extensões planas e pregou valente susto aos poucos que, pela madrugada, atravessaram aquelas paragens para trabalhar no campo ou, quem sabe, trilhando rotas de contrabando.
Cerca de uma centena de militares, soldados da GNR e agentes da Polícia de Vigilância e Defesa do Estado concentraram-se nas noites de 13 e 14 de Novembro de 1944 em vários pontos, numa operação conjunta entre forças portuguesas e espanholas. Primeiro na Referta da Ouguela, a uma dezena de quilómetros de Campo Maior e na noite seguinte nas Minas da Tinoca, no trajeto para Portalegre, com desvio pela aldeia de Degolados A sua missão: cercar, deter e identificar refugiados espanhóis, considerados "perigosos salteadores e comunistas", que se sabia viverem na zona conhecida pela polícia política como "República de Andorra", um vasto triângulo de terra sem controlo efetivo das autoridades cujos vértices eram Campo Maior, Ouguela e Degolados.
O Regimento de Cavalaria 1 de Elvas participou com um esquadrão misto, composto por 35 a 40 homens deslocados em três viaturas, A força da GNR, dispunha de 50 homens, 12 deles de cavalaria. A coordenação da operação estava a cargo do inspetor da PVDE António Roquete (a quem foi atribuído o assassínio em 1942 do médico António Ferreira Soares, perto de Espinho), secundado por quatro agentes cujos apelidos eram: Barros, Mesquita, Casaca Velez e Lemos.
Para impedir que os refugiados tentassem escapar ao cerco fugindo para Espanha, a Guardia Civil montou um dispositivo com 78 militares no outro lado da fronteira.
Devido ao frio intenso dessa noite foi distribuída aguardente entre os soldados, ás seis e meia da manhã começaram as movimentações. São efetuadas centenas de detenções, muitos são assassinados e outros desapareceram sem nunca nada se saber deles.
Tudo foi feito no maior secretismo e hoje só sabemos o que aconteceu graças à disciplina a um detalhado relatório sobre a preparação e desenvolvimento da operação que se encontra depositado no Arquivo Nacional da Torre do Tombo, presumivelmente da autoria do inspetor António Roquete.
Quem eram os homens e mulheres que viviam refugiados nas zonas de fronteira? Havia de tudo, refugiados políticos, fugidos à justiça, contrabandistas, gente que procurava melhorar a sua vida, gente com problemas diversos que preferia passar a raia. Eram pessoas de classe média ou baixa, habitualmente, eram homens entre os 18 e os 40 anos, relativamente envolvidos na política, em particular comunistas, socialistas, mas também alguns anarquistas ou apenas republicanos.
Uma notícia publicada pelo então clandestino jornal Avante, órgão central do PCP, lança um pouco de luz sobre estas dúvidas e interrogações. Na sua edição relativa à primeira quinzena de Maio de 1945, o jornal denuncia "os assassinos de Campo Maior" e acusa os "fascistas salazaristas" de terem assaltado "40 cabanas onde se albergaram 300 refugiados". Segundo a notícia, que não diz a data em que isso aconteceu, foram dadas ordens aos soldados para se apoderarem de dinheiro e bens. As roupas que encontraram são de seguida queimadas.
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