Oliva
de la FronteraHistórias dos povos da raia, “muito medo e pouco pão” era o ditado
mais pronunciado nesta localidade durante o pós-guerra. Esta é mais uma das cidades raianas cuja história está ligada também com a história de portugal
Memorial de homenagem ao Tenente Seixas
Oliva de la Frontera presta homenagem na forma de um memorial ao Tenente Seixas, comandante da Guarda Fiscal portuguesa em Barrancos na época da guerra civil Espanhola.
No verão de 1936, a aldeia de Barrancos, foi invadida por refugiados espanhóis que escapavam da guerra civil.
Á revelia de Salazar, o Tenente Seixas criou um campo de refugiadas e ao contrário de outras zonas do país, as autoridades locais não os expulsaram, mas com tentaram ajudá-los com a colaboração da população
O oficial seria mais tarde julgado por desobediência, mas conseguiu salvar centenas de pessoas. tendo sido apelidado de "Schindler da Raia".
No verão de 1936, a aldeia de Barrancos, foi invadida por refugiados espanhóis que escapavam da guerra civil.
Á revelia de Salazar, o Tenente Seixas criou um campo de refugiadas e ao contrário de outras zonas do país, as autoridades locais não os expulsaram, mas com tentaram ajudá-los com a colaboração da população
O oficial seria mais tarde julgado por desobediência, mas conseguiu salvar centenas de pessoas. tendo sido apelidado de "Schindler da Raia".
No memorial consta a
seguinte inscrição de Gentil Valadares, filho do Tenente Seixas
O meu pai justificou-se perante o seu superior.
Alegou que também ele tinha filhos… que não gostaria nem poderia admitir que os maltratassem. Lhe parecia ser dever dele tendo à sua guarda filhos de Espanha, estima-los como era devido, pois só assim poderia honrar o oiro dos seus galões. E que soubessem os seus camaradas que lá porque se chamava Seixas, ele não tinha um seixo no lugar do coração.
O meu pai justificou-se perante o seu superior.
Alegou que também ele tinha filhos… que não gostaria nem poderia admitir que os maltratassem. Lhe parecia ser dever dele tendo à sua guarda filhos de Espanha, estima-los como era devido, pois só assim poderia honrar o oiro dos seus galões. E que soubessem os seus camaradas que lá porque se chamava Seixas, ele não tinha um seixo no lugar do coração.
António Augusto de Seixas
Araújo nasceu em Montalegre, 29 de Setembro de 1889, e faleceu em Sines, 28 de
Outubro de 1958, foi Tenente da Guarda
Fiscal portuguesa.
Toda a história dos refugiados de Barracos num post anterior
https://fronteirasealdeiasdaraia.blogspot.com/2022/03/historias-dos-refugiados-de-barrancos.html
Oliva de la Frontera
É uma cidade raiana
com cerca de 5100 habitantes, fica situada no limite sul da província de
Badajoz, a 22 km da fronteira da Amareleja no Alentejo.
É um município com relevância histórica, a
sua área teve sempre importância estratégica entre as várias culturas que por
ali passaram, Celtas, Romanos, Visigodos e Árabes, para além do elevado
interesse histórico, patrimonial e arquitetónico, tem também uma história
incrível de sobrevivência.
Devido à instabilidade da área, perto da
fronteira com Portugal, ss tentativas de assentar a população não tiveram
sucesso, Como consequência das guerras hispano-portuguesas do século XIV, nesta
época o local encontrava-se em ruínas e quase despovoado. Em 1654 no decorrer
da Guerra de Separação de Portugal do trono da Espanha, o povoado foi arrasado
e saqueado pelos portugueses que destruíram a igreja, a Câmara Municipal e o
castelo. Em 1705 sofreu novos ataques por ocasião da sucessão ao trono da
Espanha. Essas guerras causaram uma diminuição significativa dos habitantes,
A partir de 1810 as dificuldades dos
moradores foram muito grandes, visto que a Extremadura foi palco de várias operações
militares na Guerra da Independência.
Contrabando,e
sobrevivência em Oliva de la Frontera
Muito medo e pouco pão era o ditado mais
pronunciado durante o pós-guerra. Depois da Guerra Civil não houve apenas
vencedores e vencidos, também houve medo, fome e escassez. Uma pobreza que,
sobretudo em La Raya, tentou fazer face com a ajuda do vizinho Portugal e do
contrabando, o ato ilícito que os oliveros homenageiam através de um monumento,
o único no país que homenageia esta prática.
Um dos cronistas oficiais de Oliva de la
Frontera, Antonio Valero, fala da época como "os anos de fome" e do
contrabando como uma forma de sobreviver, para que suas famílias não morressem
de fome. O perfil masculino era o mais comum no contrabando, mas também havia
mulheres e até crianças.
Esta prática, que consiste em importar ou
exportar mercadorias sem pagar os direitos aduaneiros, tornou-se, assim, uma
autêntica atividade econômica e social para os residentes de La Raya. Depois de
passarem a margem do rio Ardila, fronteira natural entre Espanha e Portugal,
iam buscar a mercadoria nas quintas e casas de Barrancos e voltavam para Oliva,
com muito cuidado para não serem apanhados. O cronista lembra a importância de
Campo Oliva e seus 10.300 hectares que abraçam a cidade pelo oeste. Nele
existiam três quartéis, que foram primeiro ocupados pela polícia e depois pela
Guarda Civil e de onde era guardada a fronteira com Portugal. Assim, os
contrabandistas fugiam de rotas que passavam perto desses pontos.
Monumento
aos contrabandistas
A cidade presta homenagem aos homens e mulheres que praticavam o contrabando prática ilícita, que permitiu aos moradores sobreviver no pós-guerra, através de uma escultura de dois homens em alpargatas e com mochilas nas costas, e um deles com uma pequena bolsa na mão. Era o que chamavam de "salva-vidas", com o qual ficavam se vissem um guarda e tivessem que correr depois de jogar a bolsa com maior peso. É popularmente conhecido como os “mochileiros”, o apelido pelo qual eram conhecidas os contrabandistas que transportavam produtos às costas. Eram cerca de 40 quilos embora houvesse muitos que chegavam aos cinquenta, e embora geralmente fosse café, pão ou sabão, também se traficava tabaco e pedras de isqueiro. Está localizado na Calle de San Pedro.
A cidade presta homenagem aos homens e mulheres que praticavam o contrabando prática ilícita, que permitiu aos moradores sobreviver no pós-guerra, através de uma escultura de dois homens em alpargatas e com mochilas nas costas, e um deles com uma pequena bolsa na mão. Era o que chamavam de "salva-vidas", com o qual ficavam se vissem um guarda e tivessem que correr depois de jogar a bolsa com maior peso. É popularmente conhecido como os “mochileiros”, o apelido pelo qual eram conhecidas os contrabandistas que transportavam produtos às costas. Eram cerca de 40 quilos embora houvesse muitos que chegavam aos cinquenta, e embora geralmente fosse café, pão ou sabão, também se traficava tabaco e pedras de isqueiro. Está localizado na Calle de San Pedro.
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